Durante a Consensus, maior conferência de blockchain e bitcoin do mundo, realizada na semana passada em Nova York, uma das conversas mais interessantes que tive foi com Vinny Lingham, empreendedor super experiente e um dos investidores pioneiros do ecossistema de moedas digitais.
Criador da Gyft.com, uma empresa online de vale-presente que aceita bitcoin e que foi financiada pela Google Ventures, o empresário ficou marcado por duas previsões acertadas em relação aos movimentos do preço do bitcoin.
Em março de 2014, ele publicou um artigo intitulado “Encontrando equilíbrio”, no qual afirmava que a tendência de preço para o bitcoin seria de queda ao longo dos próximos dois anos, enquanto praticamente todo o mercado apostava em uma alta. Um ano antes, foi ele também que previu que o preço da moeda ultrapassaria os USD 1000.
Na semana passada, Lingham publicou uma análise muito interessante acerca dos fundamentos que irão provocar uma expressiva alta no preço do bitcoin ainda este ano e ainda mais substancial a partir de 2017. Seus argumentos apontam que existem pelo menos três fundamentos que o fazem acreditar nesta tendência e que ainda não foram completamente compreendidos pelo mercado.

1) A taxa real de inflação do Bitcoin

Por definição do protocolo, o bitcoin é uma moeda deflacionária, ou seja, o aumento marginal da base monetária tende a zero, até atingir o suprimento total limitado a 21 milhões de unidades. Essa característica é única e uma das principais virtudes do bitcoin.
Atualmente, estão em circulação 15,5 milhões de moedas e cerca de 3600 novos bitcoins são minerados por dia, o que significa por volta de 100 mil novas moedas por mês. Em relação aos bitcoins existentes, isso representa uma inflação nominal de 8% ao ano.
Considerando que em julho, a redução das recompensas dos mineradores cairá pela metade, a taxa de inflação do bitcoin, em teoria, cairia para 4%.
Um estudo realizado por John Ratcliff mostra a diferença entre a taxa de inflação nominal do bitcoin e sua taxa de inflação real, considerando como premissa que 25% dos bitcoins não estão ativamente em circulação, armazenados off-line ou sob poder de investidores conhecidos como holders.
Se considerarmos que 4 milhões de moedas não serão negociadas em nenhum momento no futuro breve (bitcoin perdidos, bitcoins armazenados offline e os primeiros bitcoins gerados que estão em posse de Satoshi Nakamoto), então a oferta de bitcoins em circulação é da ordem de 12 milhões de moedas. Logo, se 100 mil novas moedas entram no mercado todos os meses, a taxa nominal de inflação estaria na casa dos 10% ao ano e não 8%. Logo, após a redução da recompensa, a taxa cairia para algo em torno de 5% ao ano, um pouco mais do que imaginávamos.
Assim, em 2014, a taxa nominal de inflação foi de 10,3% e a taxa real de inflação foi de 15,1%.
Em 2015, a taxa nominal de inflação foi de 9,3% e a taxa real de inflação foi de 10,1%.
Em 2016, a taxa nominal de inflação será de 6,4% e a taxa real de inflação será de 8,7%.
Em 2017, a taxa nominal de inflação será de 4% e a taxa real de inflação será de 5,3%.
No mundo real, a taxa de inflação deriva da quantidade de dinheiro que os governos, por meio de seus bancos centrais, estão imprimindo. No mundo do bitcoin, a taxa de inflação é determinada pelo protocolo e marginalmente pela demanda de holders.
Se notarmos que a taxa real de inflação do bitcoin está caindo 2/3 em cerca de três anos, isso significa que a moeda precisará encontrar um novo ponto de equilíbrio em relação ao preço para suprir a demanda compradora.
Assim como Lingham, estou convicto de que esses cálculos ainda não foram incoporados no preços e gradativamente estão sendo digeridos pelo mercado.




2) Posições vendidas

Lingham também fala sobre um iminente aperto nas posições de quem opera vendido no mercado, ou seja, de quem acredita em uma queda no valor do bitcoin para obter lucros.
No ecossistema do bitcoin, esta estratégia é vista basicamente em dois cenários:
a) Os traders e especuladores que apostam nesta tendência geralmente pegam bitcoins emprestados em corretoras, como a Bitfinex, e vendem esses bitcoins no mercado, esperando por uma queda no preço para recomprá-los e devolvê-los à corretora, auferindo uma margem de lucro.
Caso o preço do bitcoin suba, esses agentes precisarão recomprar bitcoins a um preço acima daquilo que eles venderam para evitar maiores perdas, provocando um estresse na relação entre oferta e demanda.
b) Os mineradores que querem realizar seus lucros do futuro e fazem hedge. Eles produzem bitcoins suficientes por dia para provisionar o custeio de suas operações no futuro e acabam operando vendidos, garantindo ganhos no caso de desvalorização. Contudo, o dia de redução das recompensas está se aproximando. O problema aqui para os mineradores é que se eles estão realizando lucros com operações vendidas, que eles pretendem repagá-las após o dia da redução das recompensas, eles serão forçados a comprar bitcoins no mercado, a não ser que eles tenham um estoque reserva de moedas.
Isso é o equivalente a vender uma colheita de soja no mercado de futuros e ser atingido por uma tempestade que devasta metade de suas plantações. Tecnicamente, a única forma disso acontecer seria se a partir da redução das recompensas, o preço do bitcoin dobrar, mas isso não irá acontecer.
Outro cenário defendido por analistas é que uma parcela significativa dos mineradores está segurando a venda de sua produção atual com forma de prevenir a queda da rentabilidade após o evento da redução das recompensas.
O impacto no preço devido à redução de 50% das recompensas deve ser significativo, deflagrando um aperto das posições vendidas, porque haveria baixa liquidez no mercado, já que nem todos os bitcoins em circulação são negociados, apenas uma porção deles.
Alguns podem afirmar que o mercado já precificou esses eventos, mas a verdade é que ainda não. A taxa de processamento da rede flutuará muito rapidamente após a redução das recompensas e isso irá causará muito volatilidade tanto para os mineradores quanto para os traders.

3) Um ativo global estratégico

Atualmente, o valor de mercado do bitcoin é da ordem de USD 7 bilhões, o que na prática é bem pouco para proporcionar grandes compras por parte de organizações governamentais. Se o bitcoin começar a crescer globalmente e ganhar a atenção de qualquer governo, outros governos irão também querer uma fatia desse mercado e isso poderia ser o gatilho para uma corrida pelacommodity digital.
Imagine se o governo chinês começar a comprar grandes quantidades de bitcoin, os outros governos ficariam sentados assistindo? Lingham acha que não e aposta que por volta de 2017 os governos irão se tornar grandes compradores de bitcoin, puxando o preço para cima.
Concluindo, todo esse raciocínio leva a expectativa de que o preço do bitcoin em 2016 atinja os USD 1000, com potencial para que em 2017 alcance USD 3000.
Atualmente, o cenário base da cotação do dólar do Brasil está em torno de R$ 3,50, podendo sofrer um choque de valorização mediante a iminente alta de juros nos EUA, prevista também para o segundo semestre desse ano, tornando ainda mais atrativo o investimento em bitcoin frente ao Real e seus frágeis fundamentos.
Para auxiliar os iniciantes no investimento em bitcoin, sugerimos a leitura desse excelente material produzido pela coinBR com explicações mais aprofundadas sobre os fundamentos da moeda digital e sugestões de alocação de portfólio.

Via: CoinBR



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